Inove, inove , inove !

Como trabalhava com tecnologia, José Sales Neto recebia peças descartadas por amigos. Daí para montar a Metarecicla foi um processo de aprendizado e significado. Hoje, a empresa coleta cerca de 10 toneladas de “lixo eletrônico”, transforma parte disso e oferece cursos de robótica para crianças em área carentes, além de outras atividades.

Já a Surfmappers , une fotógrafos de surf a surfistas através de uma plataforma atualmente com 2 mil fotógrafos, 150 mil usuários e 1,5 milhão de fotos.

Onde alguns vêem parafusos, a Metarecicla enxerga tecnologia e onde outros vêem fotos, a Surfmappers enxerga conexão.

Dar significado a algo é um dos requisitos da inovação, mas o que realmente seria esse termo tão utilizado no universo das empresas de tecnologia e no mundo dos negócios ?

Inovação vem do latim “innovatio” e significa introduzir novidades ou mudanças em algo. Para sermos objetivos, inovação precisa agregar valor a algo, com o objetivo de melhorar a experiência do cliente em produtos ou serviços. Esse valor agregado pode ser feito através de melhorias incrementais ou novas maneiras de enxergar e fazer algo, criando novas possibilidades.

Mas será que isso é viável para os pequenos empreendedores , responsáveis por 99% das empresas brasileiras e por 52% dos empregos de carteira assinada e para os milhões de colaboradores que exercem seus papéis nas organizações de todos os tamanhos e segmentos ?

Posso afirmar que mais do que poder ser viável, é imprescindível que seja!

Mas o quadro no Brasil não reverbera essa visão.

Pelo Índice Global de Inovação, o Brasil ocupa a 57º posição, o que não faz sentido para a 12º economia do mundo. Por aqui ainda se investe 1% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, enquanto nos EUA, o investimento é de 3% e Israel e Coreia do Sul de 5%. No Brasil, a maior parte desse investimento está da indústria e no agronegócio.

Agora uma pergunta : Quanto do seu orçamento pessoal você dedica a processos ou projetos focados em inovação ? E na sua empresa ? Qual o montante investido?

Você pode dizer que não há caixa para investir e nem tempo.

Entendo! Mas preciso lhe dizer que se não olhar para a inovação como parte da sua estratégia, você está correndo alto risco. Pode parecer radical, mas é verdadeiro.

Você não compete mais com os concorrentes do seu segmento, mas com as mudanças que estão ocorrendo agora e se potencializando exponencialmente através de tecnologias e novos comportamentos.

4 passos fundamentais que colocam você e sua empresa no game da inovação.

1) Se assuma como alguém em busca da inovação !

A primeira coisa que precisamos fazer em relação a inovação é assumi-la como valor, propósito e objetivo claros.

A Nike por exemplo na sua missão, diz :

“Levar inspiração e inovação para os atletas de todo o mundo” .

A GM apresenta a sua visão como :

“Vender apenas veículos com emissão zero até 2035”

A Microsoft :

“Ajudar as pessoas e empresas em todo o mundo a concretizarem todo o seu potencial”

Isso é estabelecer claramente que inovação é o que a empresa faz ou pretende fazer.

Sugiro que comece no seu currículo, na sua descrição nas redes sociais, na missão, propósito e visão da sua empresa. Assuma consigo e com o “universo” a intenção de inovar.

Isso quer dizer olhar para o alvo e seguir em sua direção. Existe muito poder nisso.

2. Fique confortável no desconforto.

Inovar pressupõe mexer nas estruturas existentes e isso sempre causa resistência de alguma maneira. Coragem para persistir e entender que o desconforto da mudança é mais seguro do que o conforto da aparente estabilidade. Se você é um colaborador e tenta inovar dentro da organização em que trabalha, pode ser ainda mais desconfortável. Mas com o tempo, tanto a posição se tornará mais natural para você quanto o ambiente se modificará.

O que não pode fazer é limitar a sua perícia como piloto à velocidade do carro que está pilotando.

Se a empresa é sua, mude o carro, se trabalha na empresa, trabalhe para mudar o carro, mas não perca a velocidade e as vitórias que pode conseguir. Pilote a inovação constante sem medo de acelerar.

3. Construa para pensar e teste para aprender.

A terceira questão, quando o assunto é inovação, é entender que desenvolver qualquer coisa é realmente uma questão de experimentação e adaptação conforme você avança.

“Construir para pensar e testar para aprender”.

Muitos dos nossos sistemas contemporâneos e principalmente os inovadores estão sendo construídos à partir de feedbacks em tempo real. Absorva a forma de pensar e agir dos cientistas e designers, que estão mais acostumados com a dinâmica de pensamento e ação baseados em incertezas e descobertas.

O mais importante não é aquilo que você sabe, mas a forma como você pensa.

Isso me faz lembrar de uma história de um alto executivo de uma grande empresa que pede para sua equipe contar os seus erros e todos ficam em um silêncio constrangedor. Então o alto executivo narra um erro seu recente e diz que se o time não está cometendo erros, é porque não está inovando.

Uma excelente ideia não vem de uma inspiração, mas de muitas ideias.

“Na maioria dos casos não é a inspiração que gera o trabalho, mas o trabalho é que gera a inspiração” diz o professor de processo criativo Charles Watson.

Para esbarrar em alguma coisa é preciso estar em movimento

“Nunca ouvi falar em ninguém que tenha tropeçado em alguma coisa enquanto sentado” diz o inventor e filósofo

4. Se movimente através da transversalidade

A quarta coisa que posso dizer sobre inovação nesse curto e objetivo texto sobre o assunto, é que os novos modelos de negócio serão cada vez mais transversais e assimétricos. Pensar e agir fora da caixa, que dizer, entender e atender o cliente e não vender e entregar o produto.

Isso pode querer dizer mudar de produto ou modelo, sem mudar de cliente.

Isso quer dizer não se prender ao modelo que é ou que foi, mas ser flexível. O mais importante é ser fiel ao propósito que tem na sua afirmação, a inovação.

Diversos negócios inovaram mudando seus modelos de forma transversal, encontrando nichos e oportunidades em formatos diferentes de atuação. Ficar preso ao que funcionou ou a uma visão fechada sobre seu negócio ou sua carreira só irá bloquear sua criatividade e capacidade de inovar.

Foque na experiência e no valor agregado que entrega ao seu cliente e deixe-o conduzir os movimentos.

Isso pode criar assimetrias no seu modelo, mas quem disse que você precisa ser simétrico ou perfeito ? Pense como um ecossistema e não como uma estrutura fixa.

Agora, reveja se você está praticando a inovação em sua missão e execução:

Está assumindo o papel de inovador e se comprometendo com ele ?

Entende que inovar quer dizer mudar e as estruturas culturais fixas vão resistir e o desconforto faz parte do ambiente do inovador?

Possui estratégia de experimentação e aprendizado rápido com feedbacks em tempo real ?

Pensa de maneira transversal e assimétrica, com foco na experiência e soluções para o cliente ?

Por fim , olha seus mercados, negócios e clientes com um inconformismo questionador: “Como eu posso fazer melhor?”, “Por que não fazer diferente e mais eficiente?”, “Como eu posso mudar isso?”.